Descubra como o preço do seguro auto é calculado

Por Fernanda Santos

Encontrar o seguro auto com o melhor custo-benefício é uma tarefa difícil. Existem várias opções de seguradoras e planos disponíveis no mercado

O IQ conversou com alguns especialistas para entender a formação do preço do seguro

Quem já comprou um carro sabe que as dúvidas não surgem só na hora de escolher um modelo legal ou a concessionária com um bom preço. Encontrar o seguro auto com o melhor custo-benefício também pode ser uma tarefa difícil. Isso porque existem várias opções de seguradoras e planos disponíveis no mercado. Os preços também podem mudar bastante de empresa para empresa.

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Antes de contratar o seu seguro, é bom entender como a seguradora calcula os valores e o que é levado em consideração na análise do seu perfil. Essa informação vai ajudá-lo a conseguir negociar preços melhores.

Conversamos com alguns especialistas desse mercado para entender a formação do preço do seguro auto. Confira.

Como a seguradora faz o cálculo?

Basicamente, o cálculo do preço do seguro leva em conta o custo que a seguradora teria para consertar ou repor danos materiais ou físicos na ocorrência de sinistros – como acidentes, roubos ou alagamentos. Esses danos incluem reposição de peças, conserto de veículos chocados, conserto de danos a portões ou mesmo atendimento médico e custos relacionados a internações de pessoas.

Para fazer essa conta, a empresa precisa, primeiramente, de uma ampla base de dados com preços de peças automotivas, considerando as inúmeras marcas e modelos de carros que circulam pelas ruas.

Em segundo lugar, ela precisa de estatísticas que mostrem com que frequência os sinistros acontecem com aquele perfil de condutor, tipo de veículo e a região em questão. Em outras palavras, ela olha dados como sexo, modelo do veículo, idade e CEP para saber qual é a probabilidade de haver um sinistro e quão grave ele seria – que é chamado de custo esperado do evento. São as chamadas variáveis utilizadas para análise.

Cada seguradora tem seu próprio modelo de avaliação dos riscos, probabilidades e potenciais custos desses eventos. Por isso, os valores do seguro podem variar tanto de uma empresa para outra.

“Às vezes, o seguro de um carro em uma seguradora está bem mais barato que em outra. Pode ser porque a estatística daquela seguradora é melhor para aquele modelo e condutor”, diz José Varanda, professor e coordenador da Escola Nacional de Seguros.

Quais variáveis entram na conta

Algumas variáveis são sempre levadas em consideração pelas seguradoras na hora de definir os preços dos seguros. São elas:

  • Estratégia comercial

“Cada seguradora tem sua própria estratégia comercial de crescimento. Portanto, antes de mais nada, é importante considerar que as variáveis podem ter pesos diferentes na composição do preço do seguro”, afirma Antonio Rocha, CEO do IQ.

Uma seguradora que queira, por exemplo, atrair mais segurados em uma determinada região pode baixar o preço do seguro para aquele CEP, enquanto outras seguradoras não consideram a região interessante e aumentam os preços.

  • Modelo e ano do veículo

O modelo e o ano do veículo pesam bastante no preço, pois interferem diretamente no custo que a seguradora vai ter para consertar e repor peças do carro, em eventuais casos de sinistros. Quanto mais caras ou de difícil acesso são as peças, mais caro vai ficar o seguro.

“É por isso que um carro que tem um custo de mercado muito maior que o outro pode ter um seguro mais barato. São as peças de reposição mais baratas”, afirma Varanda.

Os carros importados têm os seguros mais altos no Brasil porque as compras de peças desses veículos são feitas, normalmente, no exterior, com acesso mais restrito e custo em dólar.

Veículos antigos, fabricados há muitos anos, também têm seguros mais caros. O motivo é a maior probabilidade de defeitos e dificuldade em encontrar as peças, que já não são mais fabricadas.

“Por isso, modelos importados com mais de 5 anos não são aceitos pela maioria das seguradoras. A reposição de peças para manutenção é, normalmente, muito mais custosa”, diz Rocha, do IQ.

A mesma lógica vale para carros blindados, que têm seguros mais altos que os comuns, afinal, as peças para reposição são bem mais caras.

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  • Cobertura e serviços

As diferentes coberturas contratadas pelo segurado também aumentam o valor do seguro. Quem quer uma cobertura especial para os vidros, por exemplo, paga mais caro. Essa proteção adicional possibilita, em caso de acidentes, o reparo ou a troca de vidros laterais, traseiros, para-brisa e outros, de acordo com o pacote contratado pelo cliente. O mesmo vale para quem quer incluir na apólice o direito a ter carro reserva ou reboque. Mas fique atento: o carro reserva é contratado por dias, que geralmente são 2, 7, 15 ou 20 dias. Quanto mais dias você contratar, mais caro você paga pelo seguro. O reboque, por outro lado, pode estar limitado por um raio ou ser contrato com a opção de quilometragem ilimitada.

  • Franquia

A franquia é um valor estipulado para consertos ou reparos no carro e acaba servindo como um recado da seguradora para que o segurado não queira acionar serviços do seguro em casos pequenos. Se não existissem franquias, provavelmente as pessoas pediriam que a seguradora cobrisse reparos pequenos a todo momento, como uma troca de lanterna – o que faria com que o valor do seguro ficasse muito mais caro no final. Por isso, a franquia também representa um limite de valor que o segurado pode acionar a seguradora.

O segurado pode optar por uma franquia mais baixa na hora de contratar o seguro. Isso significa que, em caso de sinistros, ele terá de pagar um valor menor para receber a indenização da seguradora. Quanto menor o valor da franquia, mais caro tende a ficar o seguro.

  • Histórico do condutor

O histórico do condutor no mercado de seguros também é levado em consideração. As seguradoras avaliam se ele é uma pessoa que cuida bem do seu veículo ou se tem muitas ocorrências de sinistros.

“A forma como o segurado utiliza o veículo, como ele protege seu bem e o histórico do segurado no mercado são condições que podem reduzir o preço do seguro”, diz Pedro Pimenta, da Allianz.

Com o passar dos anos, os segurados que não precisam acionar os seguros para conserto de seus veículos ou do veículo de terceiros ganham um desconto chamado classe de bônus.

Uma das formas que as seguradoras utilizam para avaliar a qualidade do motorista é a classe de bônus. Esse indicador muda anualmente conforme o segurado aciona (ou não) seu seguro durante a vigência de sua apólice.

Esse desconto é concedido na renovação da apólice e varia dentro de uma escala de 0 a 10, com descontos cumulativos. Em outras palavras, para cada ano sem sinistro, o condutor avança uma classe de bônus e consegue um preço melhor. Se ocorrer um sinistro nesse tempo, ele desce uma classe de bônus. Dois sinistros, perde duas classes, e assim sucessivamente.

  • Sexo do condutor

O sexo do condutor também é determinante no valor do seguro, explica o professor da ENS. Segundo as estatísticas das seguradoras, as condutoras do sexo feminino costumam ter sinistros menos graves, e menos caros, que os do sexo masculino.

“Não quer dizer que a mulher dirija melhor. Quer dizer que no resultado das seguradoras o custo dos sinistros causados por mulheres é mais barato que os causados por homens”, diz Varanda. De acordo com levantamento do IQ, uma apólice para o sexo feminino é, em média, 10% mais barato do que para homens.

Alguns condutores optam por colocar o seguro no nome da esposa, mãe, irmã ou qualquer mulher próxima para tentar baratear o custo, mesmo que ela não dirija o automóvel. A estratégia é um pouco arriscada, pois, em caso de sinistro, a seguradora abre uma sindicância para analisar o ocorrido. Se for comprovado que houve má-fé, ela pode negar a indenização.

“Mas se você tem dois motoristas que dirigem ao mesmo tempo, melhor colocar o do sexo feminino no seguro”, diz Varanda.

  • Idade do condutor

Além do sexo, a idade do condutor também entra na conta da seguradora. A faixa de idade entre 18 e 24 anos costuma ser a mais cara, pois inclui motoristas jovens, que são considerados mais inexperientes e, muitas vezes, irresponsáveis. Assegurados nessa idade pagam, em média, 12% mais caro em seu seguro do que clientes que possuem entre 25 e 30 anos, por exemplo.

“O jovem pega o carro e quer correr. A velocidade atrai, mas ele ainda não tem experiência. O resultado é que os sinistros são mais graves, além de ter uma frequência maior”, explica o especialista da ENS.

Outro fator levado em conta é o tempo que a pessoa tem de habilitação. Quanto mais tempo dirigindo, mais experiência a seguradora entende que ela tem e menor o valor do seguro.

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  • Estado civil

Os condutores que são casados pagam menos no seguro, pois as seguradoras entendem que o risco de sinistros é menor para esse tipo de cliente. Em média, o seguro dos condutores casados é 20% mais barato que o seguro de quem é solteiro, viúvo ou divorciado.

  • Hábito de consumo

As seguradoras levam em conta, ainda, os hábitos do condutor. Se ele vai para faculdade ou trabalho de carro e qual é a distância média percorrida por dia/mês são alguns exemplos.

  • CEP

Outro fator que entra no cálculo é a região em que mora o condutor do veículo. A seguradora analisa, por exemplo, com que frequência ocorrem sinistros naquele local e se os custos de reparo costumam ser altos ou não.

“Lembrando que não só roubo é sinistro. Tem alagamento, tem colisões. Às vezes, é um lugar que não tem roubo frequente, mas é área de alagamento. Isso poderia causar um prejuízo para a seguradora”, diz Varanda.

Essa informação pode variar de uma seguradora para outra, pois depende dos casos que cada uma delas tem registrados na região.

  • Tipo de residência

As seguradoras perguntam ao condutor onde o carro ficará estacionado. O seguro de quem mora em apartamento costuma ser 11% mais barato que o de quem mora em casa de rua e 7% mais barato que o seguro dos moradores de casas de condomínio.

Apartamentos são considerados mais seguros e, consequentemente, os riscos de sinistros são menores. Além disso, o preço do seguro de carros que ficam estacionados na rua é cerca de 20% mais caro que o cobrado de quem estaciona na garagem e em áreas cobertas.

  • Motoristas de app

Motoristas de transporte por aplicativo, como Uber, 99 ou Cabify pagam mais caro no seguro. Segundo Antonio Rocha, do IQ, o seguro desses condutores pode ser o dobro do cobrado de motoristas comuns.

“Esses motoristas fazem inúmeras viagens por dia, transportam diferentes pessoas e passam por regiões nem sempre seguras. Isso tudo aumenta o risco de haver um sinistro”, diz o CEO do IQ.

No fim das contas, as variáveis são muitas e o preço do seguro auto pode mudar bastante. O ideal é buscar uma corretora de confiança e simular os preços. Corretoras digitais, como o IQ, oferecem custos mais baixos do que a média de mercado em razão do uso intenso de tecnologia e inteligência artificial. Essa é uma maneira inteligente de comparar as melhores seguradoras do mercado de acordo com o seu perfil e as suas necessidades.