Investir no Tesouro Direto ficou mais vantajoso. Saiba o motivo

Por Bianca Alvarenga

Alíquota anterior fazia sentido em um momento de taxa básica de juros mais elevada

Mais de 752 mil investidores ativos perceberão em janeiro o desconto

Taxa de custódia, tarifa cobrada pela bolsa de valores brasileira, a B3, para administrar as aplicações em títulos públicos, caiu de 0,3% para 0,25% ao ano. Essa redução é lucro para você

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Redução na taxa de custódia tornou as aplicações em Tesouro Direto mais atrativas

No fim de 2017, o Tesouro Nacional, órgão pertencente ao Ministério da Economia, anunciou uma redução no encargo cobrado dos investidores que aplicam recursos no Tesouro Direto. A chamada taxa de custódia caiu de 0,3% para 0,25% ao ano. A medida foi tomada após uma série de debates entre o Tesouro Nacional, instituição que oferta os títulos, e a B3 (Brasil Bolsa Balcão), responsável pela administração do sistema que contabiliza os valores depositados por cada investidor.

Apesar de parecer pequena, a redução de 0,05 ponto percentual na taxa é um movimento importante para incentivar as aplicações em Tesouro Direto. Em um cenário de taxa básica de juros e inflação baixas, a rentabilidade desse tipo de investimento vem diminuindo.

“A alíquota de 0,3% fazia sentido em um momento de taxa básica de juros mais elevada. Agora, com a estabilização da Selic em um patamar mais baixo, foi possível promover essa redução. Isso deve incentivar uma parcela da população que mantém recursos parados em contas de banco ou na caderneta de poupança a procurar os títulos do Tesouro”, afirma Marcio Cardoso, presidente da corretora Easynvest, líder em aplicações em Tesouro Direto.

A maior parte das corretoras independentes não cobra taxas de corretagem em títulos do Tesouro Direto. Incomodados pela competição das concorrentes, recentemente os grandes bancos também zeraram as tarifas para seus clientes. Sendo assim, quando um investidor busca aplicar seu dinheiro em um título público, a única taxa que ele costuma encontrar é a de custódia. Vale lembrar que esses títulos servem para financiar o endividamento do governo federal e, por isso, são considerados os mais seguros do mercado.

O Tesouro Nacional calcula que a redução do encargo levará a um aumento na rentabilidade dos títulos equivalente a R$ 26 milhões ao ano. Trata-se de um dinheiro a mais que entrará nas carteiras dos investidores, de acordo com os valores aplicados. A conta foi feita com base no volume total de recursos sob custódia: R$ 53,2 bilhões.

Cada um dos 752.094 investidores ativos no Tesouro Direto perceberá já neste mês o desconto mais vantajoso. Normalmente, a taxa de custódia é cobrada em duas parcelas: uma em janeiro e outra em julho. As exceções são para quem resgata ou vende o título antecipadamente, ou para os títulos que vencem em um mês diferente dos em que há a cobrança semestral. Para esses casos, a taxa é cobrada proporcionalmente.

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Faça as contas

Como a taxa é cobrada em relação aos recursos em carteira, o investidor que quiser descobrir quanto ganhará com a mudança das regras terá que verificar quanto tem aplicado e fazer as contas. Por exemplo: quem tem R$ 5.000 investido passará a pagar em um ano R$ 12,50 em taxa de custódia, ao invés de R$ 15.

A diferença de poucos reais pode parecer irrelevante, mas quando comparada com o retorno de alguns títulos já revela um benefício. Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Tesouro, a rentabilidade acumulada entre novembro de 2017 e novembro de 2018 dos títulos públicos variou de 6,25% no Tesouro Selic 2023 (LFT) a 16,44% no Tesouro IPCA + 2045 (NTN-B Principal). O Tesouro Selic 2023 (LFT) é um título pós-fixado, cujo retorno está atrelado à taxa básica de juros e o vencimento é em 2023. Já o Tesouro IPCA + 2045 (NTN-B Principal) tem a remuneração calculada pelo IPCA, indicador oficial que mede a inflação, e seu vencimento é em 2045. Papéis que vencem em longo prazo remuneram melhor que os que vencem em curto prazo.

O CDI, índice que serve como base de cálculo para a rentabilidade de outras aplicações de renda fixa, como CDB, LCI e LCA, foi de 6,5% no mesmo período. A ligeira redução da taxa de custódia pode tornar o Tesouro Direto mais atrativo até mesmo para quem avalia aplicações em outros produtos de renda fixa.

Vale ressaltar a importância de colocar os cenários na ponta do lápis e ver qual é a opção mais vantajosa para o valor investido e o período de resgate desejado.

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Agenda positiva

Tanto no governo quanto no setor privado há uma agenda de incentivo à educação financeira, para que mais brasileiros conheçam os produtos disponíveis no mercado e passem a aplicar seu dinheiro de forma mais inteligente. E o Tesouro Direto é o que os economistas chamam de porta de entrada desse movimento.

O interesse por títulos públicos vem crescendo de forma significativa. Entre novembro de 2017 e novembro de 2018, o número de investidores ativos no Tesouro Direto subiu quase 35%. Mais de 60% dos novos compradores de títulos investe até R$ 1.000.

“É o processo natural. Quem investia somente na poupança, por acreditar ser a aplicação mais segura, tem um primeiro contato com o Tesouro Direto, investe parte menor dos recursos e vai conhecendo melhor como funciona”, diz Marcio Cardoso, da Easynvest. “A partir daí o investidor explora outros produtos, até mesmo de renda variável, e diversifica sua carteira”.

É possível aplicar valores a partir de 30 reais em títulos do Tesouro Direto.

Em comunicado oficial, o Tesouro Nacional disse que a redução só foi possível graças ao aumento do volume das aplicações. Parte dos recursos arrecadados com a taxa de custódia é usada pela B3 para custear o sistema que registra as informações dos investidores e que resguarda as aplicações, independentemente de qual corretora ou instituição financeira tenha intermediado a venda dos títulos. Uma outra parte vai para iniciativas da B3 em educação financeira.

Em coletiva, o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Otavio Ladeira, disse que os valores cobrados na taxa de custódia continuarão sob análise pelas instituições responsáveis, mas que uma outra redução agora está descartada. “Perderia a agenda de educação financeira, que é uma pauta muito importante para nós”, afirmou o secretário-adjunto.

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